(H)Á Identidade dos professores!

(H)Á Identidade dos professores! 

Por: Professora Marlene Afonso

 

(H)Á Identidade dos professores!

À Identidade dos professores!

 

A timbragem de valores, ideologias, crenças, forças e fraquezas formam o que vem a ser a nossa identidade, unicidade quer na pessoa que somos quer no profissional que decidimos e assumimos ser, intervenientes no singular (singularidade) e no coletivo (sociedade). Essa nuance pessoal no coletivo é o que, a meu ver, exerce duas funções primordiais: a da criação do nosso contributo no e para o todo e a de moldar a nossa identidade profissional - a primeira competência reconhecida no perfil do professor (por ele/ela e pela classe que representa. Uma competência hábil, flexível, avidamente direcionada às demais habilidades socioemocionais, humanas e conjunturais. A identidade é indubitavelmente essa marca indispensável e fundamental ainda que a mais difícil de consolidar dadas as circunstâncias em torno da Educação - o que ela é e o que deve ser.  

 

A esperança democrática reside em grande parte na Educação. Assim sendo, o compromisso maior de hoje é com a escola. Não a escola que nos é nos é imposta, mas uma escola de baixo para cima – uma utopia (ainda) possível.

 

Haverá maior desafio democrático do que aquele de atuar num teatro de operações real, diverso, rico, único como é o da Escola, esse lugar com muitos lugares dentro onde a existência da Identidade é ferramenta mestre de trabalho?

 

Quem é responsável pela criação da Identidade profissional? Quem a permite e quem a anula?

 

Certamente cada um de nós na qualidade de professor já pensou, repensou, definiu e redefiniu naquilo que crê que é a sua identidade espácio-temporal e a importância que ela tem (ou deve ter quando é possível que exista).

 

A falsa-verdade em Educação reside no desajuste total das políticas de gestão da escola, na desestrutura e desajuste das medidas face a problemas existentes de forma continuada e reiterada, no persistente e obsoleto desenho da escola à sua realidade. Ora isto aniquila qualquer possibilidade de afirmação identitária. Para problemas estruturais, medidas e soluções estruturais. Mas afinal quem pode “ser alguém” sob a ditadura de decretos, leis e portarias? Para quê a pretensão de um produto pedagógico aliado e alinhado nestes três sem o espaço e o tempo de existência de identidade profissional.

 

Se a democracia custa milhões ao Estado e sendo que este ano é o ano com maior orçamento dedicado à Educação desde a última década (8 mil milhões consta-se), por que não a pedagogização da gestão escolar? O debate que se ergue é se existe Identidade onde predomina a politização da educação. Antes que falemos de Identidade constatamos factualmente a crise identitária (mesmo antes que exista Identidade – proeza de um Estado que teima em politizar ao invés de “pedagogizar”.  A crise identitária mais não é do que o produto do que se deseja e o que a realidade impõe. A Educação do Estado sobreposto a um Estado de Educação. Quase que é possível falar de uma esquizofrenia governativa que contraproduz o que é uma das maiores valias e valências da sociedade.

 

Politização ou pedagogização da Educação? Ambas – em que moldes? A refletir.

 

Confrontando análise de discursos com planos de ação na governação, o resultado é evidente e está aí nas escolas, nas políticas educativas, na organização de práticas educativas, nas competências curriculares, nas competências pedagógicas num cenário de quem para quem, entre outros. Jamais haverá Identidade Profissional sempre que crise educativa seja gerada pela própria política e pelo Estado que a sustenta – caso para dizer o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Atente-se no inverno demográfico educativo que paira no Centro Sul do país. Sintomas evidentes de um problema maior, de raiz, de uma falta de responsabilização séria, grave, impune e com vítimas.

 

Para quando a afirmação da centralidade da Escola para que nos permitamos essa Identidade tão desejada como necessária de quem tem como principal tarefa de trabalho a formação e educação de todas as outras profissões?

 

Para quando a equação da pirâmide: eficácia, eficiência e efetividade assente na “Pluriversidade”, esse processo coletivo de produção de conhecimento? A identidade profissional assume-se fundamental na articulação de todas as dimensões da Educação. Ela é, aliás, o fulcro de onde emana toda e qualquer posição, decisão e integralidade.  

 

A Escola é feita por todos e a todos pertence! A Identidade é essa dimensão pluriindividual, é esse contributo coletivo em cada um de nós e de cada um de nós no todo!  

 

Por que não agora o momento de construir uma memória do futuro desafiando o Senhor Ministro da Educação – a Pessoa mais conhecedora da realidade das escolas, também ele Professor - a falar e atuar sobre a Identidade Profissional Docente!?

 

Sr. Ministro: À identidade dos professores!

Marlene Afonso