FILHO DA MADRUGADA

FILHO DA MADRUGADA

Por: Dr. Filipe Abreu

 

Em 25 de Abril de 1974 o Movimento das Forças Armadas (MFA) derrubou o regime de ditadura que durante 48 anos oprimiu o Povo Português. Nessa madrugada do dia inicial, inteiro e limpo (como poetizou Sophia de Mello Breyner), os militares de Abril foram claros nas suas promessas: terminar com a repressão e regressar à Liberdade!

 

Com tudo isso, a Revolução dos Cravos pôs fim ao isolacionismo a que Portugal estava condenado há já vários anos e ajudou ao nascimento de novos países independentes. Constituindo-se o movimento pioneiro de enormes transformações democráticas em todo o mundo, e demonstrando que as Forças Armadas não estiveram condenadas a ser um instrumento de opressão, podendo, pelo contrário, ser um elemento libertador dos povos.

 

Democratizar, Descolonizar e Desenvolver foi o lema que então fez regressar Portugal ao fórum das nações livres e amantes da paz.

 

Na escola ensinam que a liberdade de uns termina no exato momento em que inibe a liberdade dos outros. Quer isto dizer, em sentido lato, que a democracia deve ser sempre baseada na tolerância e no respeito mútuo. Foi esse o grande caminho que nos foi legado pelo 25 de Abril.

 

O 25 de Abril é sempre o momento para relembrar que os governantes da Nação têm de assumir as suas responsabilidades de líderes de uma sociedade.

 

Queremos, todos, sem exceção, caminhar seguros de que a estratégia gizada nos gabinetes vá ao encontro daquilo que o povo almeja para as suas vidas.

 

Hodiernamente, nenhum de nós ignora quão difícil tem sido a tarefa de governar. Nenhum outro governo como este teve de enfrentar circunstâncias tão difíceis e imprevisíveis. Muitas hesitações e muitos erros foram cometidos, mas alguns são compreensíveis e aceitáveis. Outros nem tanto, e outros mesmo intoleráveis, porque roçaram mesmo a mediocridade.

 

O povo que mais ordena começa a dar sinais visíveis de alguma impaciência, e vai começando a apontar o dedo aos erros.

 

Os governantes têm respondido com silêncio, mostrando distanciamento relativamente aos críticos, continuando o caminho, que julgam ser o mais correto e acertado.

 

Alguns pressagiam que o governo vai provar do fel que ele próprio está a criar, pois continua a governar como se de uma maioria absoluta estivéssemos a falar. Pois neste Portugal “à beira mar plantado”, e no que à política diz respeito, tudo parece possível, mesmo uma minoria parlamentar eleita transformar-se numa espécie de maioria quase absoluta, ou uma ‘coligação negativa’ parecer quase o mesmo que uma votação de 230 deputados eleitos pela nação… Estamos incrédulos com tudo o que se vai passando na nossa casa, a tal da Democracia, que celebramos e relembramos neste dia do 25 de Abril!

 

Sempre defendi que se deve dar a oportunidade a todos de ter o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso já depende de cada um. E atingir esse ponto de chegada é que nos faz ser diferentes dos demais!

 

Vai-se dando mel em vez de fel, vai-se atirando poeira para os olhos, vai-se vivendo ao som da pandemia, e depois admire-se o Povo, aquele que mais ordena, que muitos se vão identificando com aqueles que soltam palavras que dizem as verdades, nuas e cruas, e diz o que o povo sente, mas não pode dizer, mas que quer ouvir!

 

Sou um FILHO DA MADRUGADA, sem amarras, sem partido, com ideias, livre, democrata, de consciência lúcida, que não se deixa enganar ao luar, sem fel e com muito mel!

Porque assim se solta bem melhor a palavra LIBERDADE!


Filipe Abreu,

Professor